A história que vou contar agora comecou a algumas semanas atrás, mais precisamente quando aterrisei no aeroporto internacional de Berlin, na Alemanha, para um período 50 dias de aperfeicoamento do meu alemão. Enquanto escrevo esse texto, relembro-me de uma simples aposta que fiz com meu pai, e o gigantesco rumo que ela tomou em minha vida. Apostamos que, caso eu conseguisse aprender alemão, viríamos para cá assistir a Copa do Mundo de 2006.
Dois anos depois da seleção canarinho novamente ser freguesa de Zidane e Thierry Henry, tenho de novo meus pés no país onde bombas aliadas destruíram edificios na 2a guerra mundial, no local no qual muros da discórdia foram erguidos e, quando derrubados, uniram novamente a nação. Estou na terra onde os carros respeitam as ciclistas e os pedestres a faixa de trânsito. Que saudades que eu estava da Alemanha.
Distante dos dias quentes e amistosos do verão e do carnaval brasileiro, vivi em uma cidade na qual sair sem ao menos 2 agasalhos, luvas e cachecol definitivamente não era uma opção sensata. E tudo isso para aprender uma língua não muito familiar no Brasil. Mas a fluência no alemão não foi o principal aprendizado aqui, e sim a overdose de cultura que me rodeou e seduziu 24 horas por dia, 7 dias por semana.
A Alemanha é um congregado de raças, cores e crédulos, de pessoas de todos os cantos do planeta. Um exemplo disso era minha sala de aula, onde diariamente se esforçavam para aprender o complicado alemão: um web-designer da Itália, um rapaz da Finlândia, uma diretora de cinema da Inglaterra, uma estudante da Holanda, um jovem da Suécia e outro da Suíca, uma executiva da Rússia, um desenhista da Irlanda, uma fotógrafa dos Estados Unidos, um professor de educação física de Israel e eu, um publicitário e aspirante à jornalista. A cada dia de aula, um pouquinho de cada um desses países era colocado na lousa, e todos podiam adquirir mais experiência de vida com nossas conversas em alemão.
Berlin ´pulsa` cultura a cada instante, em cada esquina, museu, biblioteca, estação de metrô ou trem. Pelo 58o ano consecutivo, a cidade sediou o seu Festival Internacional de Cinema, A Berlinale e, com a estréia internacional do filme Tropa de Elite, foi a minha vez de oferecer a cultura do Brasil para os alemães. Conversei com os espectadores, que aprenderam comigo e com o Capitão Nascimento a dura realidade das favelas do Brasil.
Vivendo no coracão da Europa, também tive a oportunidade de tomar trens e vôos baratos para visitar países riquíssimos culturalmente, mas que geralmente não se encontram nos mapas e roteiros de turismo das agências de viagens brasileiras:
- Na República Checa visitei Praga, dona da mais bela arquitetura da Europa, que remete aos séculos XVIII e XIX, e terra natal de um grande pintor desconhecido pelo Ocidente, chamado Alphonse Mucha;
- Na Polônia, conheci a capital Varsóvia e também Auschwitz, o antigo campo de concentração nazista, que celebrava 63 anos de sua libertacão justamente no dia de minha visita;
- Na Suécia troquei o confete do carnaval brasileiro pelos flocos de neve, que caíam incessantemente e que pintavam de branco o gramado do Estádio de Estocolmo, palco do 1o título mundial da selecao canarinho em 1958;
- Na Irlanda torci pelo Brasil em um amistoso sem sal, mas descobri que o país em muito se assemelha ao nosso, principalmente com a alegria do povo que, assim como os alemães, adora uma cerveja.
Com o final de minha viagem, finalmente vejo o grande vencedor daquela aposta de anos atrás: meu pai. De agora em diante, ele terá um filho que experimentou a vida de um povo moderno, com os pés no futuro e que, além de fotos, filmes e presentes, trouxe de volta para o Brasil um pouquinho mais da cultura do mundo. Como dizem no futebol, precisamos jogar Fair Play.
Auf Wiedesehen und bis Später! (Até logo!)
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