quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Semana Cultural em Berlin com o Funk do Brasil

Realmente aqui em Berlin não dá para ficar parado. O que é muito bom. Estou aprendendo muito com a explosão cultural que se dá todos os dias ao meu redor. E a noite de ontem foi mais um grande exemplo disso. Desde a semana passada rola em Berlin a Berlinale, o Festival Internacional de Cinema.

Nessa sua 58a edicão, os ânimos estavam exaltados, pois grandes filmes de grandes artistas tiveram sua premiere no Berlinale Palast, o grande palco para as exibições. O filme inicial foi o documentário sobre os épicos cantores dos Rolling Stones, Shine a Light, do vencedor do oscar de 2007 Martin Scorcese. Tive a chance de me apertar dentre os fãs nesse 1o dia de Festival, e pude conferir a gravata verde e amarela de Mick Jagger, dando um tom brasileiro para o evento. E nesse ano, o Brasil trouxe grandes produções para a exibição para o público europeu. Tropa de Elite, Cidade dos Homens, Maré, Nossa História de Amor são alguns exemplos.

Como nao poderia deixar de conferir as impressões européias sobre o filme de maior destaque nas terras brasileiras, corri atrás de ingressos para o Elite Squad ou Elitettrupe, nomes internacionais do nosso Tropa de Elite. Apesar de treinar minhas habilidades jornalísticas, não poderia deixar de homenagear minhas origens, e fui com a bandeira do Brasil junto para a sala de cinema.
Com ingressos esgotados dias antes, minha última esperança era o lote liberado a apenas meia hora antes de cada exibição. Fui um dos últimos a conseguir ingressos para a sessão, que já atrasava 2 minutos. A sala estava lotada. Sem um local vazio.

A bandeira deu resultado, pois o apresentador, que canta o nome do filme e do diretor antes de cada apresentacão, veio até mim para garantir se sua fala estava ´Alles in Ordnung`. ´É com "E" no final, não?` e ´Rosé ou José Padilha?`.

Com a sala cheia, fui obrigado a desfilar com a bandeira pelo local, tentando em vão achar dois lugares (pois levei meu colega de quarto mexicano para a sessão). Por sorte, foram colocadas atrás da última fileira de poltronas algumas cadeiras parecidas com cadeiras de diretor de filme, e meu lugar ficou bem ao centro do salão. Nada mal!!

Ao meu lado um alemão, estudante de cinema, estava bem ansioso para ver o filme. Pude sentir sua ansiedade , e também a reação do público, logo no início com a grandiosidade da cena do baile funk na favela. Com o ritmo frenético do filme, ouvi um ´Great Beginning` do meu vizinho de cadeira. Era só o começo.

Conforme Tropa avanca, sinto o público assustado. Todos abismados e pasmos com a visão de uma realidade muito conhecida por nós brasileiros, e totalmente desconhecida por eles. A multidão gargalha, porém, quando o Capitão Nascimento , revendo o conceito de estratégia em todas as línguas (inclusive em alemão), entrega uma granada para o 05, dizendo que ele irá explodir a todos se dormir novamente. Mas as risadas param por aí, logo após, a tensão volta a tomar conta do ar.

Ao final do filme, entrevisto o alemão. André se diz chocado com as cenas e que é dificil de acreditar nessa realidade, mas que o filme foi muito interessante (confira sua entrevista aqui, em inglês.

Também pergunto para outra mulher sua opinião, que se assemelha com a de Andre. Pelo visto, o filme de grande impacto conseguiu seus objetivos, mostrar essa realidade para pessoas que nem de longe conseguem enxergar o que acontece em um país distante. E eu, realizado por ter conseguido assistir o filme em terras alemãs, volto para casa com a certeza de um trabalho realizado.

Até a próxima!

Nenhum comentário: